Hoje em dia
muitas pessoas têm um ódio mortal do Lula. Sei que no Governo dele aconteceram
casos muito sérios de corrupção e que, hoje, o PT desperta a verdadeira ira das
classes mais altas. Nessa hora da discussão aparece alguém que apóia o PT sem condições e diz
que a Oposição também teve corrupção e que, por isso, seus eleitores não podem acusar.
Na verdade, ficar
acusando uns aos outros é uma perda de tempo e de energia que não leva à lugar
nenhum. Muito pelo contrário! Essas discussões que não passam de trocas de
acusações: o famoso, “nós fizemos isso, mas vocês fizeram aquilo, então qual é
o problema”? Eu vejo um problemão! Justificamos atos errados dos políticos que
gostamos acusando os políticos que não gostamos. Como justificar um crime
acusando outra pessoa de crime? A única conclusão útil que podemos tirar de
discussões assim é que todos os políticos são imprestáveis (a crise de
representatividade do nosso sistema talvez venha de discussões como esta), mas
de útil, nada.
Em todos os
governos existe corrupção. É um mau que pode e deve ser controlado, mas nunca
pode ser extirpado. Nesse sentido fiquei feliz com as prisões dos mensaleiros,
apesar de ter visto o dia a dia do ridículo espetáculo midíatico que foi
montado e condicionou o julgamento. Mas é a nossa velha mídia, não podemos
esperar algo diferente dela (assim como não podemos esperar que ela faça o
mesmo com o Mensalão do PSDB, que muitos jornalistas insistem em chamar
Mensalão mineiro, desvinculando, assim, a imagem do partido).
Sempre
tivemos governos corruptos e infelizmente os casos não vão acabar com a eleição
de um ou outro candidato. O que teremos, caso a oposição entre no poder, é
menos pressão da Grande Imprensa e menos divulgação do dia a dia de casos
sérios de corrupção, como é o caso do escândalo nos trens de São Paulo e
Brasília, que ainda não foi bem explicado e não sai nas principais páginas dos
principais jornais do Brasil desde 2013. O tratamento da mídia entre casos de
corrupção do PT e PSDB é diferente e somente quem não quer ver não enxerga essa
diferença.
O certo é
que sempre teremos casos de corrupção no Governo. Então não é uma decisão
acertada escolher candidato de acordo com o índice de corrupção que acreditamos
que cada um tem. Pelo contrário, escolhendo candidato ou partido de acordo com
o que ele já fez ou pode fazer de bom para o Brasil, podemos ter uma visão
clara de quem queremos governando.
O FHC transformou
nossa política macroeconômica e finalmente tirou o Brasil do abismo da
Hiperinflação. Apesar das críticas feitas às privatizações e à sua reeleição, não
podemos negar que os oito anos dele no poder mudaram o Brasil para melhor. E
esses oito anos foram os que condicionaram o sucesso do Lula a partir de 2002. Quando
Ficar com
ódio do Lula porque o Governo dele teve casos de corrupção não convence. Só demonstra uma incapacidade de olhar os pontos positivos. Claro que o
Brasil está longe de ser um país exemplar. Nossos serviços públicos sempre
foram péssimos e a desigualdade social ainda destrói nosso país com seus piores
reflexos: violência, crimes e ódio de classes. Mas esses são problemas
estruturais que existem desde que o Brasil é independente. O PT poderia ter
feito muito mais nesses campos, claro, mas são problemas que demoram a ser
resolvidos. Cabe a nós exigir do próximo governo ações mais profundas nesses
campos. E aí entram as manifestações, que esse ano têm uma importância
incalculável.
Por mais
que a imprensa insista com sua visão pessimista e calamitosa relacionada com o
PT, o Governo dos Trabalhadores não foi péssimo para o Brasil. Muito pelo contrário.
Os pontos negativos já conhecemos, graças à essa mesma imprensa. Os positivos
podem ser consultados abaixo, num texto do próprio Luiz Inácio Lula da Silva,
cujo conteúdo nunca sairá na Globo, no Estadão ou na Folha, pois esses meios
preferem a visão pessimista que atinge o PT, ao invés de promovê-lo.
Se alguém
tem curiosidade, leia um pouco. Você perceberá que não estamos tão mal quanto antes.
Porque o Brasil é o país das oportunidades
Por Luiz Inácio Lula da Silva
Passados cinco anos do início da crise global, o mundo ainda enfrenta suas consequências, mas já se prepara para um novo ciclo de crescimento. As atenções estão voltadas para mercados emergentes como o Brasil. Nosso modelo de desenvolvimento com inclusão social atraiu e continua atraindo investidores de toda parte. É hora de mostrar as grandes oportunidades que o país oferece, num quadro de estabilidade que poucos podem apresentar.
Nos últimos 11 anos, o Brasil deu um grande salto econômico e social. O PIB em dólares cresceu 4,4 vezes e supera US$ 2,2 trilhões. O comércio externo passou de US$ 108 bilhões para US$ 480 bilhões ao ano. O país tornou-se um dos cinco maiores destinos de investimento externo direto. Hoje somos grandes produtores de automóveis, máquinas agrícolas, celulose, alumínio, aviões; líderes mundiais em carnes, soja, café, açúcar, laranja e etanol.
Reduzimos a inflação, de 12,5% em 2002 para 5,9%, e continuamos trabalhando para trazê-la ao centro da meta. Há dez anos consecutivos a inflação está controlada nas margens estabelecidas, num ambiente de crescimento da economia, do consumo e do emprego. Reduzimos a dívida pública líquida praticamente à metade; de 60,4% do PIB para 33,8%. As despesas com pessoal, juros da dívida e financiamento da previdência caíram em relação ao PIB.
Colocamos os mais pobres no centro das políticas econômicas, dinamizando o mercado e reduzindo a desigualdade. Criamos 21 milhões de empregos; 36 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza e 42 milhões alcançaram a classe média.
Quantos países conseguiram tanto, em tão pouco tempo, com democracia plena e instituições estáveis?
A novidade é que o Brasil deixou de ser um país vulnerável e tornou-se um competidor global. E isso incomoda; contraria interesses. Não é por outra razão que as contas do país e as ações do governo tornaram-se objeto de avaliações cada vez mais rigorosas e, em certos casos, claramente especulativas. Mas um país robusto não se intimida com as críticas; aprende com elas.
A dívida pública bruta, por exemplo, ganhou relevância nessas análises. Mas em quantos países a dívida bruta se mantém estável em relação ao PIB, com perfil adequado de vencimentos, como ocorre no Brasil? Desde 2008, o país fez superávit primário médio anual de 2,58%, o melhor desempenho entre as grandes economias. E o governo da presidenta Dilma Rousseff acaba de anunciar o esforço fiscal necessário para manter a trajetória de redução da dívida em 2014.
Acumulamos US$ 376 bilhões em reservas: dez vezes mais do que em 2002 e dez vezes maiores que a dívida de curto prazo. Que outro grande país, além da China, tem reservas superiores a 18 meses de importações? Diferentemente do passado, hoje o Brasil pode lidar com flutuações externas, ajustando o câmbio sem artifícios e sem turbulência. Esse ajuste, que é necessário, contribui para fortalecer nosso setor produtivo e vai melhorar o desempenho das contas externas.
O Brasil tem um sistema financeiro sólido e expandiu a oferta de crédito com medidas prudenciais para ampliar a segurança dos empréstimos e o universo de tomadores. Em 11 anos o crédito passou de R$ 380 bilhões para R$ 2,7 trilhões; ou seja, de 24% para 56,5% do PIB. Quantos países fizeram expansão dessa ordem reduzindo a inadimplência?
O investimento do setor público passou de 2,6% do PIB para 4,4%. A taxa de investimento no país cresceu em média 5,7% ao ano. Os depósitos em poupança crescem há 22 meses. É preciso fazer mais: simplificar e desburocratizar a estrutura fiscal, aumentar a competitividade da economia, continuar reduzindo aportes aos bancos públicos, aprofundar a inclusão social que está na base do crescimento. Mas não se pode duvidar de um país que fez tanto em apenas 11 anos.
Que país duplicou a safra e tornou-se uma das economias agrícolas mais modernas e dinâmicas do mundo? Que país duplicou sua produção de veículos? Que país reergueu do zero uma indústria naval que emprega 78 mil pessoas e já é a terceira maior do mundo?
Que país ampliou a capacidade instalada de eletricidade de 80 mil para 126 mil MW, e constrói três das maiores hidrelétricas do mundo? Levou eletricidade a 15 milhões de pessoas no campo? Contratou a construção de 3 milhões de moradias populares e já entregou a metade?
Qual o país no mundo, segundo a OCDE, que mais aumentou o investimento em educação? Que triplicou o orçamento federal do setor; ampliou e financiou o acesso ao ensino superior, com o Prouni, o FIES e as cotas, e duplicou para 7 milhões as matrículas nas universidades? Que levou 60 mil jovens a estudar nas melhores universidades do mundo? Abrimos mais escolas técnicas em 11 anos do que se fez em todo o Século XX. O Pronatec qualificou mais de 5 milhões de trabalhadores. Destinamos 75% dos royalties do petróleo para a educação.
E que país é apontado pela ONU e outros organismos internacionais como exemplo de combate à desigualdade?
O Brasil e outros países poderiam ter alcançado mais, não fossem os impactos da crise sobre o crédito, o câmbio e o comércio global, que se mantém estagnado. A recuperação dos Estados Unidos é uma excelente notícia, mas neste momento a economia mundial reflete a retirada dos estímulos do Fed. E, mesmo nessa conjuntura adversa, o Brasil está entre os oito países do G-20 que tiveram crescimento do PIB maior que 2% em 2013.
O mais notável é que, desde 2008, enquanto o mundo destruía 62 milhões de empregos, segundo a Organização Internacional do Trabalho, o Brasil criava 10,5 milhões de empregos. O desemprego é o menor da nossa história. Não vejo indicador mais robusto da saúde de uma economia.
Que país atravessou a pior crise de todos os tempos promovendo o pleno emprego e aumentando a renda da população?
Cometemos erros, naturalmente, mas a boa notícia é que os reconhecemos e trabalhamos para corrigi-los. O governo ouviu, por exemplo, as críticas ao modelo de concessões e o tornou mais equilibrado. Resultado: concedemos 4,2 mil quilômetros de rodovias com deságio muito acima do esperado. Houve sucesso nos leilões de petróleo, de seis aeroportos e de 2.100 quilômetros de linhas de transmissão de energia.
O Brasil tem um programa de logística de R$ 305 bilhões. A Petrobras investe US$ 236 bilhões para dobrar a produção até 2020, o que vai nos colocar entre os seis maiores produtores mundiais de petróleo. Quantos países oferecem oportunidades como estas?
A classe média brasileira, que consumiu R$ 1,17 trilhão em 2013, de acordo com a Serasa/Data Popular, continuará crescendo. Quantos países têm mercado consumidor em expansão tão vigorosa?
Recentemente estive com investidores globais no Conselho das Américas, em Nova Iorque, para mostrar como o Brasil se prepara para dar saltos ainda maiores na nova etapa da economia global. Voltei convencido de que eles têm uma visão objetiva do país e do nosso potencial, diferente de versões pessimistas. O povo brasileiro está construindo uma nova era – uma era de oportunidades. Quem continuar acreditando e investindo no Brasil vai ganhar ainda mais e vai crescer junto com o nosso país.
Luiz Inácio Lula da Silva é ex-presidente da República e presidente de honra do PT