1 Outro Ponto

1 Outro Ponto

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Eleição acontece todo dia.

De dois em dois anos a história sempre se repete. Surgem, de repente, cartazes, flyers, placas e cavaletes políticos, com a imagem de uma pessoa, de um partido qualquer e de quatro números editados no Photoshop.

“Ele é a mudança”. “Eu defendo seus interesses”. “Eu sou o melhor para São Paulo”. “Eu isso, eu aquilo, eu não sei o que...” Frases de efeito desse tipo tentam mostrar a principal qualidade desses políticos.

Mas a verdade é que eles só têm essas qualidades em época de eleições. Depois de outubro, os rostos somem. Os cartazes viram lixos. E as promessas ficam perdidas no tempo e no espaço da realidade.

E a realidade é dura, meu amigo: a maioria desses políticos só quer aparecer e ser famoso durante o período eleitoral. Passado o momento da decisão democrática, optam pelo ostracismo e pelo trabalho oculto de seus gabinetes.

Lá, fazem o que bem entendem, sendo vigiados apenas pela imprensa e por militantes próximos. E às vezes esses dois coletivos também fazem olho gordo esperando algo em troca.

Então, pergunto: quem tem interesse em ser conhecido nas eleições e desconhecido no mandato? Por que a imprensa brasileira cobre política somente em época de eleições? Por que conhecemos os rostos no período eleitoral e desconhecemos os políticos envolvidos num esquema de corrupção? Quem tem interesse que tudo isso aconteça?

Você, logicamente, não. Se você deixa dinheiro no banco, é bom gestioná-lo, verdade? Então como não observar os políticos que votamos?

A Democracia é o poder do povo. Mas como os políticos e a imprensa só tratam profundamente a política de dois em dois anos, que poder é esse?

Como “vigiar” os candidatos que levaram nosso voto através de uma imprensa que só fala de política quando o assunto é corrupção?

Na Europa os tele-diarios abrem falando da agenda dos principais políticos do país. Aqui isso só acontece se esses políticos são Dirceu, Genoíno ou qualquer outro poderoso envolvido em escândalos de corrupção.

Como o povo vai conhecer seus representantes se nem eles nem a imprensa se deixam conhecer?
Ficam lá em seus escritórios milionários achando que o povo não tem conhecimento e educação suficiente para entender esse mundo da política.

Mas, oras, se eles aparecem somente quando interessa e só falam de política quando faz bem a eles mesmos, como esperar que o povo adquira sozinho conhecimento e interesse político? É como exigir que uma criança de 5 anos saiba pescar sem mostrar para ela o que é a vara ou para que serve o anzol.

Seguindo o exemplo, quando a criança demonstra não saber, eles se escondem e aproveitam a situação, aparecendo, mais tarde, pra dizer que é um ótimo pescador. Me poupem!! Que falta de vontade!!

Política é muito mais que corrupção e eleições. Democracia é muito mais que direitos e deveres. Decisões democráticas vão muito além do período eleitoral. E mandatos vão muito além do que aparece no jornal.

De dois em dois anos a história sempre se repete. Mas, como a história se constrói hoje, é hora de acompanhar o que nossos políticos estão fazendo. É hora de dar mais audiência ao jornal (cujos assuntos nos afetam diariamente) do que ao Big Brother (que não passa de entretenimento barato).

Sua vida depende disso. A minha também. E a do Joãozinho, também! Afinal, a vida do Joãozinho e a dos nossos filhos estará condicionada ao que fazemos hoje e ao que fizemos ontem.

Acabando as eleições, o político que levou nosso voto deve ser cobrado e vigiado de perto. Afinal, eles não são superiores ao povo (por mais que eles achem que sim). E, além disso, eles não passam de servidores públicos. Nós somos o patrão, não eles!!!


Podemos participar da política ou ignorá-la diretamente. A escolha é toda nossa. E as consequências, também.