“Quem tem medo da liberdade teme mais Democracia no Brasil”.
Quais são os princípios de uma
Democracia? Diversidade, conflito de opiniões e convivência de pensamentos
diferentes são democrático são democráticos. Agora, quais são os princípios de
uma Ditadura? Discurso único, falta de tolerância e afastamento de ideias
diferentes. Certo. Aplicando isso aos meios de comunicação, como seria a
imprensa de um país Democrático? Uma imprensa livre e democrática seria uma com
variedade de opiniões e representação de todos coletivos da sociedade.
A imprensa vigia o poder público
e é a encarregada de formar opiniões que serão usadas pelos cidadãos na hora de
exercer o direito ao voto. Quanto mais pontos de vista existentes na imprensa,
mais diversidade na opinião pública, pois ela se informa através de diferentes
canais e enfoques. Agora, saindo da teoria e entrando na prática, a imprensa
brasileira tem essa diversidade de opiniões? Os meios de comunicação com mais
audiência demonstram suas preferências políticas e representam diversos
coletivos da sociedade? Alguns dirão que sim, mas, conhecendo a fundo a
história e linha editorial dos meios de comunicação do país, é possível
concluir que os grandes veículos de comunicação, que derivam de grandes
conglomerados midiáticos, não são tão plurais como uma Democracia pede.
A imprensa forma a opinião pública. |
As Organizações Globo, o Grupo
Folha, o Grupo Estado, o Grupo Abril e o Grupo RBS possuem os meios de
comunicação com mais audiência do país. Somente cinco grupos, controlados por cinco famílias. Supondo que existisse uma incrível diversidade de pontos de
vista nesses cinco grupos midiáticos, é possível representar a diversidade da sociedade
brasileira em cinco meios de comunicação? É difícil. Quase impossível. E é
nesse ponto que a concentração da audiência em poucos meios de comunicação limita
a Democracia. Ela supõe o contrário da pluralidade informativa (que existe na
Internet, por exemplo, onde convivem diversos pontos vista, enfoques,
realidades, etc.) e não permite a diversidade na formação da opinião pública. Ou
seja, cria o sistema de pensamento único, o que é típico de Ditaduras, não do
Estado Democrático de Direito.
Numa Democracia, a sociedade tem
o direito de ser informada, assim como a imprensa tem o direito de informar.
Mas, no Brasil, a liberdade de imprensa é usada principalmente pela imprensa e só
chega em seu estado puro aos cidadãos que conhecem a conduta dos principais
meios de comunicação do país. Aqueles que se limitam a ler somente os
principais meios de comunicação do Brasil acabam limitados à visão dos mesmos,
enquanto ignoram ou desconhecem outras realidades, outros enfoques, outras
informações. E é por isso que a pluralidade informativa é essencial nos
principais meios de comunicação do país.
O Instituto Millenium reúne a imprensa, que está estruturada em um oligopólio. |
Aqui, o enfoque usado pelos
grandes meios de comunicação é muito parecido um com o outro. Isso é consequência
da concentração de meios de comunicação. Poucos jornais, com muita audiência, resultam
em poucos pontos de vista transmitidos de forma massiva. É uma consequência da
expansão de certos meios de comunicação durante o século XX. A Internet então
aparece para quebrar esse modelo. Mas, com credibilidade estabelecida, os
grandes meios de comunicação também mantém a liderança na audiência da
Internet. Então o sistema de oligopólio continua igual.
É então que surge a necessidade
de inovar. De fortalecer a Democracia apostando na diversidade, na pluralidade
de enfoque e na liberdade de imprensa (que também é direito do cidadão!). E é
isso que significa “democratizar” os meios de comunicação. Trata-se de abrir
espaço para outras empresas da informação, possibilitando a concorrência leal e
permitindo que o cidadão desfrute de seu direito de se informar. E só há uma
forma de conseguir isso: limitando as propriedades dos grandes conglomerados.
Foto da plataforma que luta pela Democratização da Mídia |
Feito isso, as famílias que
controlam os grupos (entre as quais está a família Marinho, a mais rica do Brasil segundo a Forbes,
que controla as Organizações Globo) deverão vender propriedades para se adequar
à nova legislação. Eles têm muito a perder, claro; por isso se opõem completamente
à qualquer medida que tente mudar a situação atual; mas a sociedade só tem a
ganhar. Seria o fim do oligopólio dos meios de comunicação e o começo do
crescimento de outros jornais que aparecerão, possivelmente, com outros pontos
de vista; ampliando, dessa forma, a diversidade de opiniões e pontos de vista
no setor responsável por formar a opinião pública. Ou seja, aumentando o grau
de democratização do Brasil.
Obviamente se trata de uma medida
que exige muita vigilância por parte da sociedade, pois o oportunismo de alguns
pode fazer o projeto perder o foco. O Projeto de Lei de regulamentação dos meios de comunicação
deve manter sua base na Constituição de 88, que, além de proibir a formação
de monopólio e oligopólio no setor da comunicação, garante os princípios
democráticos vigentes hoje em dia. Somente dessa forma é possível avançar ao
invés de retroceder. E somente dessa forma o esforço das pessoas por
democratizar a mídia teria êxito.
O problema é que aqueles que
deveriam informar sobre a necessidade de democratizar a mídia são justamente os
mesmos que têm interesses materiais em jogo com essas mudanças. Por isso
lutarão com unhas e dentes para evitar qualquer medida que afete seus negócios.
E por isso dirão que essa medida significa censura. Mas é justamente o
contrário. Lendo o atual projeto de democratização da mídia, feito pelo ex-ministro
da Comunicação Social, Franklin Martins, é possível ver como o texto está
baseado nos princípios democráticos e não cita censura. A própria presidenta
Dilma Rousseff pediu que o texto fosse estudado com “pente fino” para que não exista
possibilidade de que alguém interprete partes dele como censura.
Trata-se
de um debate que vem ganhando corpo na sociedade civil, que já desenvolveu uma plataforma para exigir a regulamentação da mídia. O debate continua atual e os grandes
meios de comunicação continuam “censurando” o tema para mantê-lo longe dos
holofotes. Mesmo assim, a luta continua e a sociedade deverá insistir caso
queria implantar a pluralidade informativa no Brasil. Com ela, a Democracia se
fortalece e o poder dos grandes conglomerados midiáticos diminui, o que é positivo
para a sociedade, que passará a receber informações diferentes, e positivo para
o Brasil.
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